






O pintor alemão Fritz Burguer-Mûhlfield e a Academia Real de Belas Artes foram fortes influências para o expressionismo de Anita
Anita Malfatti, aos 21 anos, em viagem com as primas para Europa, tem o primeiro contato com a pintura expressionista, que influenciou suas primeiras obras. A artista conheceu o estilo no ateliê do pintor alemão Fritz Burguer-Mühlfeld e também na Academia Real de Belas Artes, em Berlim, onde estudou.
Após curta temporada na Europa, Oswald volta para o Brasil com novas ideias de manifestações artísticas, como as do poeta e dramaturgo francês Paul Fort, que era simbolista, e as sugeridas pelo Manifesto Futurista do poeta italiano Marinetti.
Oswald e Mário de Andrade se conhecem em evento no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. No mesmo ano, Anita faz uma grande exposição individual no Brasil, com 53 obras.
O escritor Monteiro Lobato escreve o artigo Paranóia ou Mistificação?, onde critica as inovações na pintura da artista e se envolve em uma polêmica com os principais artistas do movimento modernista.
Saíram em sua defesa Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia e Mário de Andrade, que reservou o quadro O Homem Amarelo, integrante da mostra.
A Revista Brasil publica duas obras de Victor Brecheret e, no mesmo ano, Oswald de Andrade e Menotti del Picchia fundam a revista Papel e Tinta. O texto sobre o escultor na publicação é assinado com o pseudônimo Ivan. Segundo Telê Porto, que está por trás desse pseudônimo é Mário de Andrade.
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Di Cavalcanti apresenta o escritor e diplomata Graça Aranha (foto) aos intelectuais de São Paulo.
Nas conversas de salão entre eles surgiu a ideia de uma série de conferências, exposições e concertos para divulgar as novas posturas estéticas que vinham discutindo em cafés, nas livrarias e na garçonnière de Oswald de Andrade. Dona Marinette, mulher do mecenas Paulo Prado, sugeriu que se fizesse uma semana de arte nos moldes dos festivais que se realizavam anualmente num balneário francês da costa normanda. Assim, inspirados na Semaine de Fêtes de Deauville, que reunia exposições de pintura, audições musicais, declamação e até desfiles de moda, eles partiram para um projeto mais ambicioso, aproveitando a onda em torno do centenário da Independência e, com o aval da burguesia cafeeira, levaram o projeto para o majestoso Theatro Municipal.
Evento, realizado entre os dias 13 e 18 de fevereiro - com três noites de festival -, conta com aval e abertura feita por Graça Aranha, o nome ‘forte’ à época, e teve audições musicais, leitura de poemas e uma exposição de artes aberta de segunda a sábado no saguão do Theatro Municipal de São Paulo.
A Semana de Arte Moderna foi o primeiro ato público do que viria, depois, a ser conhecido como modernismo. Obras de Anita, Di Cavalcanti e Brecheret figuravam entre as demais que escandalizaram o público, que entre vaias e aplausos prestigiaram a mostra.
Graça Aranha promove o discurso O Espírito Moderno, no Rio de Janeiro, pouco antes de romper com a Academia Brasileira de Letras, o que provoca acirrada polêmica. Oswald publica o Manifesto da Poesia Pau-Brasil e os modernistas fazem uma viagem de 'reconhecimento' com o poeta franco-suíço Blaise Cendrars (foto). Vão ao Rio de Janeiro e Minas Gerais (Belo Horizonte e Cidades Históricas).
‘Macunaíma’, de Mário de Andrade, chega às livrarias e Oswald publica o Manifesto Antropófago na Revista de Antropofagia. Uma das principais produções artísticas do período é o Abaporu, pintura a óleo feita por Tarsila como presente ao marido, Oswald.
Em evento no Itamaraty, organizado pela Casa do Estudante do Brasil, Mário faz um balanço crítico sobre o modernismo. Entre as falhas que aponta está o distanciamento dos graves problemas sociais de seu tempo e a análise de sua participação no movimento.
Trinta anos após o evento, os jornais publicam, pela primeira vez, reportagens sobre a Semana, tratando-a como um acontecimento histórico. O então presidente Getúlio Vargas se refere ao modernismo como um conjunto de ‘forças revolucionárias’ da cultura brasileira.
A obra de Oswald começa a vir à tona novamente e circula pelo cinema, teatro e música popular. O diretor José Celso leva O Rei da Vela, de Oswald, para o palco do Teatro Oficina. O tropicalismo, movimento que teve como ponto alto a música, é uma releitura do ideário modernista. Segundo Caetano Veloso, “o Tropicalismo é um neoantropofagismo.”
O cinquentenário da Semana, em plena Ditadura Militar, marca a consagração do evento. Sua memória é resgatada com comemorações organizadas pelo governo, entre elas a exposição no Masp, intitulada Semana de 22.
Secretário de Cultura Mario Chamie (foto) realiza série de exposições, concertos e mostras cinematográficas para comemorar os 60 anos da semana. Ele tinha uma proximidade maior com a arte, já que era poeta, crítico literário e foi responsável pela inauguração do Centro Cultural São Paulo, além da reorganização da Pinacoteca de São Paulo.
A efígie de Mário de Andrade estampa a cédula do Cruzeiro Real, que circula durante um ano.
A efígie de Mário de Andrade estampa a cédula do Cruzeiro Real, que circula durante um ano.
A série Um Só Coração, escrita por Maria Adelaide Amaral e exibida pela Rede Globo, tem núcleo formado em torno do grupo modernista e Olivia Penteado (Selma Egrei), que foi a grande incentivadora do modernismo no Brasil.
USP cria o portal Ciclo22, uma plataforma com conteúdos diversos que propõe a reflexão de quatro grandes marcos da história brasileira (1822, 1922, 2022 e 2122). Entre eles está, portanto, o centenário da Semana de Arte Moderna, o bicentenário da Independência e o tempo presente, que deve refletir nos próximos 100 anos.
Mais de 400 programações, que tiveram início em 2021 e fazem parte do projeto Modernismo Hoje, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, têm como objetivo comemorar o centenário da Semana de 22. Neles estão eventos de teatro, literatura, artes plásticas, audiovisual, palestras, cursos, entre outros, que mostram, de modo plural e democrático, os ecos provocados pelos modernistas ao longo dos anos.